terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Richard Dawkins- O Relojoeiro Cego

 
(APERTE CC NA TELA PARA ACIONAR A LEGENDA)
O relojoeiro cego se tornou um marco da biologia moderna tão logo foi lançado, em 1986. Empenhado em conquistar novos adeptos para o evolucionismo e para o pensamento científico, Richard Dawkins faz aqui uma defesa  da visão darwinista. Bastante controverso e polêmico... mas vale a pena assistir.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Tese Sobre o Xiloglucano: Derrubando a Teoria do Design Inteligente.





Maria Alice Da Cruz 

O xiloglucano, o mais importante polissacarídeo da hemicelulose de parede celular das plantas terrestres, pode ter surgido há mais de 470 milhões de anos, ao contrário do que sustentavam algumas pesquisas anteriores. Genes essenciais para a síntese e degradação deste polímero ancestral foram encontrados num grupo de algas irmãs das plantas terrestres, chamadas carófitas, e podem ter sido uma das condições de pré-adaptação que levaram as plantas – e por consequência os animais – à conquista do ambiente terrestre. Esta, entre outras novas informações, colocou o trabalho de autoria do doutorando da Unicamp Luiz Eduardo Vieira Del Bem e do professor Michel Vincentz, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, em segundo lugar no ranking dos artigos mais acessados do periódico eletrônico inglês BMC Evolutionary Biology em dezembro do ano passado. A visibilidade no periódico, na opinião de Del Bem, está associada ao interesse cada vez maior em bioenergia.
Del Bem explica que o grande desafio para o etanol de segunda geração, em estudo atualmente em vários lugares do mundo, é degradar polissacarídeos de parede celular, como o xiloglucano, transformando-os em monômeros livres de açúcar. A massa da parede celular, segundo o pesquisador, é composta majoritariamente de polissacarídeos, que são moléculas altamente energéticas, com aplicação na produção de bioetanol. “Minha dissertação de mestrado [que deu origem ao trabalho publicado] está relacionada à evolução da parede celular. E isso deve ter dado visibilidade ao artigo”, explica.
O trabalho resultou num compêndio de genes envolvidos na síntese e degradação do xiloglucano em várias espécies, oferecendo informações tanto sobre todas as enzimas codificadas por genomas de espécies de interesse puramente científico (básico), como Arabidopsis, quanto espécies de alto valor econômico como uva, sorgo, arroz e soja.
Para Del Bem, caracterizar as enzimas em genomas de plantas de interesse é o primeiro passo para qualquer modificação biotecnológica, pois a maior parte da bionergia que existe numa grama de planta seca está na parede celular, no entanto, os açúcares fermentáveis são monoméricos, como a glicose e a frutose, ou dímero, como a sacarose.
Segundo o pesquisador, os polímeros da parede celular têm uma organização estrutural responsável por fazer com que as leveduras que se alimentam de açúcares simples não consigam utilizar a energia presente nestas moléculas já que seu genoma não codifica para as enzimas necessárias para hidrolisar estes polímeros complexos. Se o ser humano, por exemplo, ingerir xiloglucano, não conseguirá aproveitar a energia que existe nele, pois não há no genoma humano enzimas que quebrem este polímero, segundo o pesquisador. “É possível, por exemplo, usar as enzimas identificadas nessas plantas para produzir leveduras transgênicas, que passam a ter a capacidade de clivar ligações químicas entre açúcares não-existentes nas leveduras originais”, afirma.
Maquinaria molecular
Segundo Del Bem, os primeiros estudos com xiloglucano o consideravam exclusivo de plantas angiospermas (plantas com flores). Com o tempo, o polímero foi descoberto em plantas espermatófitas (com semente) e, mais recentemente, foi identificado em todas as linhagens de plantas terrestres. Uma das informações inéditas para a literatura é a existência de uma maquinaria molecular relacionada ao xiloglucano nas algas carófitas. Esta característica molecular une algas carófitas e plantas terrestres, o que reforça a teoria de que as plantas terrestres seriam descendentes de um grupo de algas carófitas. “Uma única população de algas carófitas provavelmente deu origem a todas as plantas terrestres. Encontramos genes que as plantas terrestres têm em comum com algas carófitas, mas não encontramos, por exemplo, as mesmas enzimas em algas clorófitas, que são um grupo mais antigo de algas”, explica Del Bem.
A ideia de que o xiloglucano teria como função a sustentação mecânica da parede celular por meio da interação com as fibras de celulose, segundo o biólogo, foi desestabilizada por uma publicação recente, na qual se demonstrou que plantas transgênicas de Arabidopsis thaliana, que não produzem xiloglucano detectável, têm estrutura e desenvolvimento praticamente normais, ao contrário do que seria esperado neste cenário. “Nosso trabalho ajuda a esclarecer este fato ao mostrar que na verdade as pressões evolutivas por trás do surgimento do xiloglucano estavam relacionadas à vida aquática e não à estrutura mecânica necessária à vida em terra firme.”

Evolução ajuda a desvendar sistemas biológicos complexos
De acordo com Del Bem, nove funções enzimáticas realizadas por dez famílias de proteínas são responsáveis pelo sistema de síntese e degradação do xiloglucano em plantas terrestres.
A história evolutiva, traçada de trás para frente, ou seja, até chegar às carófitas, permitiu entender como tais famílias chegaram ao nível de complexidade existente hoje, dado o grande número de cópias gênicas de cada família nos diferentes genomas de plantas atuais. O objetivo foi conhecer a ancestralidade entre os genes de cada família, formulando um modelo de como cada gene ancestral deu origem aos genes atuais. “Cada uma dessas funções enzimáticas tem de ser entendida não como uma função desempenhada por um gene individual, mas como uma função compartilhada por muitos genes, no que chamamos de famílias multigênicas”, acrescenta.
Ele explica que as árvores filogenéticas traçadas a partir da identificação das sequências dos genes dessas plantas permitiram chegar a um modelo de como estas famílias de genes evoluíram. As sequências de aminoácidos de proteínas conhecidas por atuarem na síntese ou degradação do xiloglucano foram usadas como isca, dentro de algoritmos bioinformáticos, como os especialistas chamam, para identificar dentro dos diversos genomas completamente sequenciados o conjunto destes genes e preencher lacunas que ainda existem em termos de genomas completos dentro de algumas linhagens de plantas, como as gymnospermas e as carófitas.
Para tanto, os pesquisadores utilizaram o que chamam de Expressed Sequence Tags ou ESTs (Sequências parciais de RNAs mensageiros). “Essas sequências de ESTs também nos ajudam a estimar o conteúdo gênico dessas espécies que não têm o genoma completamente sequenciado”, explica. Ele acrescenta que a organização dos genes em possíveis grupos de ortólogos (versões diferentes do mesmo gene para cada espécie) e parálogos (genes que se duplicaram exclusivamente em uma única linhagem) permite inferir quantos genes havia nas populações ancestrais que deram origem a cada grupo atual.
Numa linguagem mais acessível, Del Bem explica que as nove funções enzimáticas podem ser entendidas como ferramentas moleculares necessárias para montar e desmontar o xiloglucano, no entanto, um destes tipos de ferramenta é codificado por genes de duas famílias de origens evolutivas diferentes. Entre os diversos mecanismos de evolução está o que os cientistas chamam de evolução convergente. “Neste caso, temos dois tipos de alfa-fucosidase. Uma delas, mais antiga, e outra mais moderna. Trata-se de duas proteínas ancestrais diferentes (que não têm origem em comum) que convergiram de forma a desempenhar o mesmo papel bioquímico.”
Enzima
Outros dados importantes para o sistema estudado dizem respeito à enzima XTH, surgida nas algas carófitas. Segundo o pesquisador, a enzima, que pertence à mais numerosa das famílias analisadas, hidrolisa a ligação entre glicoses da cadeia central (ligação beta 1-4) do xiloglucano. Ele acrescenta que em angiospermas, as XTH são codificadas por aproximadamente 30 genes diferentes em cada genoma. Este número de cópias foi atingido através de duplicação do gene ancestral das XTHs que existia na população ancestral comum às carófitas e plantas terrestres. A primeira duplicação deste gene ocorreu antes da separação entre as carófitas e a linhagem das plantas terrestres, gerando duas cópias, que por sua vez deram origem a todas as cópias deste gene presente nas atuais angiospermas. O processo de duplicação e manutenção, segundo Del Bem, é geralmente favorecido pela seleção natural porque um conjunto mais diverso de gene, mesmo que do ponto de vista bioquímico todos exerçam a mesma função, permite que a regulação da expressão gênica em cada cópia derive ao longo da evolução, fazendo com que cada cópia se torne especializada em um tipo de tecido ou situação fisiológica.

Estudo questiona design inteligente
Para Del Bem, o trabalho derruba a tese de que um sistema complexo não pode evoluir baseado em seleção natural através do acúmulo de complexidade ao longo do tempo. A ideia do design inteligente, em que criacionistas defendem que sistemas complexos só poderiam surgir completos, com todas as peças no lugar, alega que não haveria vantagem seletiva em possuir apenas parte desses sistemas. “Sistemas complexos onde são necessários vários elementos para possuir ou utilizar alguma coisa como xiloglucano, por exemplo, só teriam sentido se tivessem evoluído todos ao mesmo tempo. Ou você tem todas as peças ou nenhuma”, questiona.
Ele acrescenta que a ideia por trás da tese dos criacionistas seria que todos os sistemas complexos teriam surgido ao mesmo tempo, entretanto, o trabalho demonstra claramente que o sistema complexo por trás da síntese e degradação do xiloglucano surgiu baseado no acúmulo de complexidade gradual como é previsto na teoria neodarwiniana da evolução. A maquinaria enzimática ganhou complexidade ao longo da evolução pelo acréscimo de novas funções moleculares. “Esta é uma demonstração do caráter pseudocientífico da teoria do design inteligente”, explica.
Depois de encontrar todos os genes de interesse é que os pesquisadores reconstroem computacionalmente a história dessas famílias baseados no que o pesquisador chama de alinhamento de sequências. “Seria uma forma matemática de encontrar as homologias moleculares entre as sequências de nucleotídeos ou aminoácidos”, esclarece. Uma vez obtido isso, é possível calcular através das diferenças entre elas, quais sequências são mais parecidas ou mais diferentes entre si. Este conjunto de diferenças encontradas é que permitem através do uso de métodos de inferência filogenética, reconstruir árvores que representam a evolução de uma família de genes.
Del Bem pontua que uma forma de verificar a validade científica do design inteligente é justamente fazer o que foi feito em sua pesquisa: tentar encontrar a origem de cada uma das peças moleculares de um sistema complexo. “Fazendo este tipo de coisa é simples perceber que a teoria da evolução neodarwiniana é perfeitamente capaz de explicar o surgimento de sistemas complexos. Porque, de fato, esses sistemas são formados pela incorporação e modificação de proteínas que participavam de outros processos anteriormente”, enfatiza.

Anexos: 

Fontes: 
http://www.ncbi.nlm.nih.gov
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br
http://www.unicamp.br/


sábado, 28 de janeiro de 2012

Entendendo um poco a Genômica


Estes são fragmentos de uma palestra da Robin Buell,  Bióloga da Universidade Estadual de Michigan. Recomendo que seja lida toda a palestra (está disponivel para download no final do post), que aborda o assunto  com uma sequência cronológica e  didática muito boa.
"Então,  o  que  é  a  genômica  e  como  ela  revolucionou  o  modo  como  fazemos  pesquisas?  A  genômica teve o poder de causar um grande impacto na agricultura porque podemos observar o “projeto arquitetônico” da construção e do funcionamento de uma célula, o ou até mesmo  de  um  órgão.
Conseguimos  informações  que  explicam  como  a  célula  foi  construída,  o  que  ela  faz  em  resposta  ao ambiente,  a  patógenos  etc.  Conseguimos  entender  como  ela  funciona,  de  modo  que  podemos  tomar decisões inteligentes e fazê-la funcionar melhor. A genômica também nos permitiu passar do estudo de um gene isolado para o de vários genes simultaneamente. Essa foi a maior mudança de paradigma que tivemos  com  a  genômica,  pois  em  vez  de  estudamos  um  gene  por  vez,  podemos  estudar  dezenas, centenas,  milhares  ao  mesmo  tempo. 
vou comentar um pouco sobre o que é a genômica e espero não utilizar jargões e termos tecnológicos  e  sim  dar  uma  idéia  geral.  O  que  é  um  genoma?  Aqui  vemos  o  DNA  (ácido desoxirribonucléico).  Todos  os  seres  vivos  possuem  DNA.  Ele  é  a  base  molecular  da  célula,  seu “projeto arquitetônico”. Ele tem informações referentes à construção da célula, a seu crescimento, sua resposta  a  estímulos  como  luz  solar,  agentes  patógenos  etc.  
O  DNA  armazena  todas  as  informações referentes à resposta da célula a estímulos. A informação está codificada no DNA em forma de genes, que são pequenas unidades de informação. Podemos comparar com um livro, que possui muitas letras, mas  que  estão  organizadas  em  palavras;  ocorre  o  mesmo  com  o  DNA.  Não  são  esses  genes  que,  de fato, fazem o trabalho. Eles, na verdade, são decodificados e traduzidos em outros tipos de moléculas que são as que fazem o trabalho.  Então, o DNA é transcrito em RNA, que é então transcrito em proteínas, que são os verdadeiros blocos de construção da célula. Ocorre que temos um gene, que é o DNA, que se converte em RNA, que se converte  em  uma  proteína  etc.  Parece  algo  difícil,  muito  trabalhoso,  mas  isso  é  a  base  de  todas  as formas de vida e é um processo bastante eficiente. O genoma de um organismo é o conjunto de todosos seus genes. Um organismo pode ter somente mil genes, 10 mil genes ou até mesmo 40 mil genes
Há  duas  fitas  de  DNA  que  são  feitas  de  apenas  quatro bases  diferentes:  adenina,  timina,  citosina  eguanina (abreviadas como A, T, C e G). Elas podem aparecer em qualquer ordem no DNA, sendo quea ordem na qual as bases se organizam determina a informação que está codificada. O que é realmente intrigante  sobre  o  DNA  é  que,  sabendo-se  a  seqüência  de  uma  das  fitas,  pode-se  determinar  a seqüência da outra. 
Como podemos descobrir qual informação está armazenada no DNA? Temos de seqüenciá-lo, isto é, determinar a ordem dessas quatro letras dentro dos cromossomos. A idéia por trás do seqüenciamento é  a  de  descobrirmos  como  essas  bases  se  organizam  no  DNA,  como  se  produz  o  RNA  e  como  se fazem todas as proteínas e carboidratos.
Com relação ao seqüenciamento, partimos de uma tecnologia bastante  primitiva  há  15  anos  para  uma  tecnologia  bastante  avançada  atualmente.  Utilizamos tecnologia  de  ponta,  robótica.  É  um  processo  bastante  automatizado,  geralmente  feito  em  grandes nstalações,  em  instituições  que  podem  comprar  tal  equipamento robótico.  Então  podemos  produzir milhões de reações por dia em tais centros. Poderíamos seqüenciar completamente o genoma humano
O que podemos fazer com ele? Essa figura foi extraída de um jornal  chamado The  Philadelphia  Enquirer.  Podemos  afirmar  que  todos  os  problemas  relacionados com a genômica se devem ao fato de podermos coletar uma grande quantidade de dados e termos de descobrir  seu  significado.  Essa  é  a  parte  desafiante  da  genômica.  Seqüenciar  o  DNA  é  trivial,  há somente um gasto de dinheiro e tempo. Entender o que uma determinada seqüência faz, por outro lado, é bastante difícil. Então, literalmente, fazemos observações com nossas lentes de aumento e tentamos compreender  o  que  o  genoma  significa.  Isso  é  realmente  desafiador.  Portanto  temos  todo  o seqüenciamento  do DNA,  temos  essas  quatro  letras e precisamos identificar quais “palavras” estão escritas, o que os genes significam. 
A genômica nos permite observar a expressão gênica de modo processual. Mesmo que o  genoma do arroz tenha 41 mil genes, eles não estão todos ativos ao mesmo tempo, somente alguns estão ativos em determinadas  condições.  Então  podemos  tentar  descobrir  qual  conjunto  de  genes  é  ativado  quando  a planta está em um  meio hipertônico. Fazemos uma pequena plantação de arroz e adicionamos sal ao solo  para simular  o  plantio  em  regiões  litorâneas.  Podemos  nos  perguntar  quais genes  se  expressam, quais  genes  estão  sendo  decodificados  em  proteínas, e  isso  nos  indicará quais  genes são importantes para a resposta ao estímulo hipertônico. 
 A  genômica  nos  permite  observar  a  expressão  gênica  e  associá-la  com  um  fenótipo.  Neste  exemplo temos  plantas  cultivadas  com  exposição  à  luz  e  outras  cultivadas  no  escuro.  Estamos  tentando compreender o funcionamento dos genes relacionados à resposta à luz. Podemos selecionar genes da planta  que  foi  exposta  à  luz  e  marcá-los  com  um  corante  verde  e  fazer  o  mesmo  com  os  genes  da planta cultivada no escuro, utilizando um corante vermelho. Assim, vemos a expressão de todos os 41 mil genes simultaneamente. 
 Essa  experiência  faz-se  de  uma  única  vez,  leva-se  um  dia.  Ao  final  da  experiência,  os  resultados indicam o que todos os 41 mil genes estavam fazendo em termos de expressão. Cada um destes pontos representa  um  gene,  essa  escala  ao  lado  indica  a  quantidade  de  RNA  que  estava  disponível  para  tal gene. Se o ponto for verde, o gene se expressou somente sob influência da luz do sol. Se o ponto for vermelho, o gene se expressou somente no escuro. Se o ponto for amarelo, que é uma combinação de vermelho e verde, o gene se expressou em ambas condições. 
Podemos ver aqui todos os pontos verdes, mostrarei  a  vocês  quais  estavam  ativos  na  planta  que  recebeu  luz.  Os  amarelos  se  expressaram  nas duas  condições,  os  vermelhos  somente  no  escuro.  Podemos,  dessa  forma,  determinar  o  conjunto  dos genes  que  são  regulados  pela  exposição  à  luz,  dos  genes  regulados  pelo  escuro e  dos  genes  que  não são regulados por esses fatores. Podemos marcar todos os genes e descobrir sua atividade – podemos analisar  a  expressão  de  cada  um  dos  genes  do  genoma  do  arroz.  
Podemos  examiná-los ndividualmente, o gene 01, o gene 02, o gene 03, assim por diante, até o gene 41 mil. Em  seguida  podemos  cultivar  plantas  mutantes  e  compará-las  com  as  plantas  selvagens  normais,  de modo que podemos descobrir a função dos genes. Aqui vemos a flor da planta selvagem, e aqui a flor da planta que contém um gene mutante. Esta tem flores macho com tons amarelados, esta tem flores brancas.  Aqui  vemos  a  planta  selvagem  e  esta  é  uma  mutante.  Esta  é  verde,  pois  tem  clorofila;  esta outra  é  branca,  pois  tem  uma  mutação  em  sua  clorofila.  Temos  um  banco  de  dados  de  mutantes  no qual  podemos  consultar  mutações  em  qualquer  um  dos  41 mil genes.  Podemos  cultivar  a  planta  e verificar sua diferença com relação à variedade selvagem. Esse recurso é muito interessante. 
 Também podemos observar especificamente respostas e alterações no arroz por causa dos mutantes. O silício,  um  micronutriente  dos  vegetais,  é  absorvido  em  grandes  quantidades  pelo  arroz.  Por  que  o arroz  acumula  silício?  Ele  é  necessário  para  um  crescimento  saudável,  é  muito  importante  para resistência a patógenos e insetos. O silício também aumenta a resistência física da planta. Então, a falta de  silício  representa  uma  maior  vulnerabilidade  a  doenças,  menor  rigidez  do  talo  e  redução  do transporte  de  água.  O  silício  é  necessário  em  pequenas  quantidades,  mas  é  muito  importante  para  o arroz. Se houver uma deficiência de acúmulo de silício, a planta de arroz terá uma aparência doente." 

Fonte: 
www.revistapesquisa.fapesp.br

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Norman Borlaug: Exemplo eterno de profissional.

Engenheiro Agrônomo Norman Borlaug (1914-2009) , ficou conhecido como um dos pais da Revolução Verde. Seus trabalhos com melhoramento genético de grãos, associado a técnicas de adubação,  desenvolvimento de defensivos químicos e a outras práticas agronômicas salvou o planeta da maldição Malthusiana e de um provável colapso alimentar.
Países como o Paquistão e a Índia tornaram-se auto-suficientes em agricultura graças ao seu trabalho.


Em 1950 o mundo produzia cerca de 650 milhões de toneladas de grãos em 600 milhões de hectares. Cinquenta anos depois, em 2000, o mundo produzia 1,9 bilhão de toneladas de grãos em 660 milhões de hectares.
Pode se dizer que Norman Bourlag é uma das pessoas que mais salvou vidas na história da humanidade. Ao mesmo tempo, a evolução da produtividade agrícola fez com que mais de 1 bilhão de hectares de terra virgem não precisassem ser desmatados para uso agrícola. Este engenheiro agrônomo, e os muitos outros técnicos, pesquisadores e produtores que se beneficiaram e expandiram suas descobertas preservaram mais a natureza do que todas as ONG's ambientalistas do planeta juntas.
Durante nos anos 80, essas mesmas ONG's tentaram pressionar o Banco Mundial e outras fundações a não financiarem mais o embarque de fertilizantes químicos para países em desenvolvimento, para grande indignação de Borlaug. Sobre esses ambientalistas, Borlaug disse à revista Atlantic Monthly:
"Alguns dos grupos de pressão ambiental das nações ocidentais se acham o sal da terra, mas a maioria deles é elitista. Eles nunca experimentaram a sensação física da fome. Eles fazem seu lobby sentados em escritórios confortáveis em Washington ou Bruxelas. Se eles vivessem apenas um mês em meio à miséria do mundo subdesenvolvido como eu vivi por 50 anos, eles estariam gritando por tratores, adubo, canais de irrigação e estariam ultrajados que esses elitistas da moda em casa estariam tentando negar-lhes essas coisas."
Depois de seus trabalhos no México e no Subcontinente Indiano, Borlaug, financiado por um industrial japonês, desenvolveu trabalhos na África onde confrontou-se com a imensa falta de infra estrutura do continente. Em 1970 ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Também foi agraciado com a Medalha de Ouro do Congresso Americano e a Medalha Presidencial da Liberdade, sendo uma das cinco pessoas no mundo que conseguiram esses três prêmios de reconhecimento por seu trabalho humanitário. As outras foram Martin Luther King Jr., Elie Wiesel, Nelson Mandela e a Madre Teresa de Calcutá.
Em 1999 a revista Time o citou como sendo uma das mentes mais influentes do século XX.
Em 2004 ele esteve no Brasil e nos considerava  como o grande celeiro do mundo para o futuro, e tinha muita esperança no potencial dos solos do cerrado brasileiro.


Fonte:
www.deslumieres.blogspot.com

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Blonel: Raça de Peso.

 

Raça surgiu do cruzamento da raça francesa blonde daquitaine com o nelore

José Ronaldo Borges | Buriti Alegre (GO) 

Dezenas de raças, vindas de várias partes do mundo, ajudam a aprimorar a pecuária brasileira. São raças puras, sintéticas e cruzamentos que buscam sempre uma carne de melhor qualidade. A raça blonel acelera o passo para entrar em uma das mais concorridas pecuárias do mundo.

A raça surgiu do cruzamento de uma raça francesa com um zebuíno muito conhecido no Brasil. Homologada em 2005 pelo Ministério da Agricultura, a blonel chegou com rusticidade, adaptabilidade e formação de carcaça diferenciada.
Pelagem branca, curta e cascos escuros indicam a presença da mais importante raça zebuína do Brasil, a nelore. Na carcaça de forma quase arredondada e traseira musculosa estão as características de um taurino, que se desenvolveu em uma região montanhosa da França, a blonde daquitaine. A fusão genética dessas raças é considerada pelos pioneiros da blonel como a mais bem sucedida na região tropical. Um animal capaz de se adaptar ao clima quente, resistente aos parasitas e com boa produção leiteira que resulta em um bezerro mais pesado na desmama.
– Tivemos uma prova comparativa. O blonel cobrindo o nelore, os bezerros que foram desmamados, 22% estavam acima do peso médio dos animais nelore-nelore. Pra nós foi uma grande surpresa, porque em condições extremas poderíamos imaginar que os animais mais adaptados seriam já os zebuínos que estão aqui há mais tempo – conta o presidente da Associação Brasileira de Blonel, Eduardo da Rocha Leão.
Os criadores do blonel apontam como vantagem da raça a terminação. Nas provas realizadas até o momento o rendimento de carcaça atingiu 55% com 20 meses ou no máximo dois anos. A raça está pronta, com desafios importantes superados ao longo de 21 anos de trabalho de seleção e melhoramento.
A blonde daquitaine que deu origem a raça blonel começou a ser usada no Centro-Oeste do país na década de 90. O blonde puro a campo teve dificuldade de adaptação, então os pecuaristas decidiram partir para formação de uma raça, mas com touros provados.
– Utilizamos um rebanho base nelore, 300 vacas nelore PO foram inseminadas com touros blonde, com provas na França. Fêmeas F1 nós cobrimos com touro nelore e também alguns touros que não eram tão conhecidos, com características de precocidade, fertilidade que procuramos utilizar na nova raça. Então utilizamos novamente um touro blonde da França procurando as características que julgávamos importantes, seria fertilidade, produção de leite e rendimento de carcaça – conta o superintendente técnico da raça blonel, Luiz Antônio Abadia.
Essas características apontadas pelos formadores da raça foram observadas por pecuaristas que viram a raça pela primeira vez.
– A primeira impressão que tivemos, é que desde novinhos os bezerros começam a definir a carcaça, já tem volume de posterior. São diferenciados. Isso tem uma vantagem frigorífica, vai abater o animal mais novo, mais pesado e em menos tempo – relata o pecuarista Rodolfo Gomes de Mendonça.
Na fazenda do pecuarista Olavo da Rocha Leão, de Burti Alegre, no sul de Goiás, durante seis meses a temperatura fica acima dos 35ºC e a seca reduz a oferta de pastagens. O plantel de blonel do único criador de Goiás, está como prova do que é capaz.
– É um gado que não sofre com a seca. Ele sai inteiro de épocas de pouca pastagem e não perde nem um pouco de peso. Mas a rusticidade do gado que me chamou muito a atenção. Ele não precisa ser tratado no cocho, simplesmente a campo – explica.
A raça foi homologada há apenas seis anos. E por ser recente muitas ações estão sendo feitas pelo crescimento desse sintético brasileiro na pecuária nacional. Já existe aceitação tanto pelo mercado de carne quanto por quem investe em cruzamento industrial.
– É um carne light e vai de encontro com o que busca o mercado atual.  Nós estamos muito satisfeitos com o resultados obtidos em termos de precocidade e produtividade. Vem superando as nossas expectativas – garante a zootecnista Solange Guedes.
– Estamos com a nossa produção em São Paulo, onde a Fundação do Blonel fica na cidade de Pedreira. Lá a minha produção está sendo já comercializada há muitos anos e encomendas estão sendo feitas para entregas futuras. Vimos que está tendo um demanda incrível pelo cruzamento industrial, desde que o touro a campo suporte essas condições – complementa Eduardo da Rocha Leão.
Fonte:
www.pecuaria.ruralbr.com.br

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Novas variedades de pêssego: BRS Rubimel e BRS Kampai.


Embrapa desenvolve frutas mais saborosas, duráveis e lucrativas (Foto: Daniel Mira)
Os consumidores brasileiros já podem ter acesso a novas variedades de pêssego desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As cultivares BRS Rubimel e BRS Kampai já estão disponíveis e são destaques de venda.
Várias características tornam o pêssego um sucesso. A durabilidade e resistência são muito maiores do que de as variedades já presentes no mercado. Enquanto as frutas convencionais duram no máximo cinco dias, o Rubimel e o Kampai duram de dez a 12 dias. Os frutos são grandes e têm coloração vermelha intensa, o que os torna mais atrativos.
Em relação ao sabor, os pêssegos são doces e têm leve acidez, fatores que agradam ao paladar brasileiro. Até mesmo antes de chegar às mesas, ainda no campo, a fruta apresenta grande diferencial. Em média é possível colher 12 quilos por planta, contra cinco da concorrência. Além disso, os novos pêssegos têm em torno de 120g por fruto, o que corresponde ao dobro das outras variedades presentes no mercado.
As novas cultivares resultam de pesquisas que levaram em conta o desafio de aliar sabor, tamanho e coloração desejados pelo consumidor brasileiro. O objetivo vem sendo alcançado devido ao cruzamento de variedade da Embrapa denominada Chimarrita, muito plantada no Sul do Brasil, com a variedade Flordaprince, proveniente da Flórida (EUA). Em 2012, outra nova variedade deve ser lançada pela Embrapa.
Fonte:
http://www.agricultura.gov.br/

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Mutação Hereditária ligada ao câncer de próstata.


WASHINGTON, Jan 2012-Cientistas americanos anunciaram  a descoberta da primeira mutação genética ligada a uma forma hereditária de câncer de próstata, aumentando as esperanças de um dia conseguir fazer um diagnóstico precoce da doença.
A mutação aparece apenas em um pequeno subgrupo de pacientes que sofrem de câncer de próstata, mas aqueles que herdaram a doença demonstraram ter de 10 a 20 mais riscos de desenvolver câncer de próstata, particularmente antes dos 55 anos, afirmaram os cientistas.
O avanço, anunciado no periódico New England Journal of Medicine, se dá após décadas de pesquisas pelas origens genéticas do câncer de próstata, o tipo mais comum de câncer a afetar os homens, com 240 mil novos casos diagnosticados nos Estados Unidos todos os anos.
Outras tentativas para determinar vínculos genéticos particulares com o câncer de próstata tiveram resultados indeterminados.
"Esta é a primeira grande variação genética associada com o câncer de próstata hereditário", disse a co-autora do estudo, Kathleen Cooney, professora de medicina clínica e urologia da Escola de Medicina da Universidade de Michigan.
Acredita-se que a mutação do gene HOXB13 seja rara na população em geral - estima-se que apenas 1% dos homens sejam portadores -, mas entre aqueles que a têm, os riscos de desenvolver câncer de próstata na juventude podem disparar.
"A mutação é significativamente mais comum em homens com histórico familiar de câncer de próstata que se manifesta cedo, em comparação com pacientes mais velhos, sem histórico familiar", disse o cientista Ethan Lange, da Universidade da Carolina do Norte, que participou da equipe de pesquisas.
Embora seja necessário fazer mais estudos, os cientistas esperam que a descoberta possa conduzir a testes genéticos para homens com risco elevado de câncer de próstata, de forma similar às mulheres com histórico familiar de câncer de mama, que podem ser submetidas a testes para a detecção dos genes BRCA1 e BRCA2.
"Ainda assim, nossos resultados sugerem fortemente que esta é a mutação mais importante clinicamente já identificada para o câncer de próstata", disse Lange.
Para o estudo, os cientistas usaram amostras de pacientes jovens com câncer de próstata de 94 famílias que participaram de estudos nas Universidades de Michigan e Johns Hopkins.

Fonte:
www.g1.globo.com